segunda-feira, 24 de novembro de 2008


Em 1916, a colônia organizou um selecionado de jogadores que estavam espalhados em vários clubes da capital e que levou o nome de Scratch Italiano.

Italiano. Em 1918, chegaram a noticiar a fundação do Palestra Brazil. Os dois primeiros não duraram muitos jogos e o último acabou ficando apenas na publicidade. No entanto, em dezembro de 1920 aproveitando a presença do cônsul da Itália em Belo Horizonte, vários desportistas da colônia resolveram levar a idéia da criação de um clube nos mesmos moldes do Palestra Itália, de São Paulo, o atual Palmeiras.

A idéia foi apoiada pelas famílias Savassi, Mancini, Lode e Noce, que prometeram mobilizar toda a colônia para viabilizarem o projeto. A primeira reunião ocorreu em 25 de dezembro de 1920 e foi presidida pelo próprio cônsul, na Casa D'Itália, um prédio da rua Tamóios que era um espécie de embaixada italiana na capital e que acabou se tornando a primeira sede do clube. Uma nova reunião foi marcada para o dia 2 de janeiro de 1921 e com a presença de 72 pessoas foi fundado oficialmente a Società Sportiva Palestra Itália.

As cores adotadas, como não poderia deixar de ser, foram as mesmas da bandeira italiana: verde, vermelho e branco. O primeiro uniforme do clube foi camisa verde clara, calção branco e meias vermelhas com detalhes em branco e verde. O escudo do time era em forma de losango, divido em duas partes: a superior em vermelho e a inferior verde. Ao centro do escudo viria um círculo branco com a inscrição SSPI em forma de monograma, em letras douradas.

Ao se constituir os estatutos do clube surgiu a primeira controvérsia entre os fundadores, pois uma das cláusulas exigia que apenas descendentes italianos poderiam participar do Palestra. A medida não agradou uma parte dos sócios-fundadores que consideravam que a cláusula pudesse se tornar pouco simpática aos meios esportivos da capital, mas acabou prevalecendo, mesmo a contra-gosto de um grande parte dos palestrinos.

Além de se caracterizar como uma equipe de descendentes de italianos, o Palestra também se destacava por possuir elementos da classe trabalhadora de Belo Horizonte, ao contrário do Atlético e do América, que tinham o seu plantel constituído de estudantes universitários procedentes das famílias influentes e ricas da cidade. No elenco do Palestra figuravam atletas que exerciam a profissão de pedreiros, pintores, caminhoneiros, comerciários e marceneiros, que eram os filhos dos imigrantes que vieram construir a nova capital e que herdaram de seus pais a mesma profissão. Outra característica marcante era o fato do time ser todo nascido em Belo Horizonte.

O primeiro jogo do Palestra foi disputado no dia 3 de abril de 1921, no Estádio do Prado Mineiro. O Palestra saiu-se vencedor pelo placar de 2 a 0 sobre um combinado formado por jogadores do Vila Nova, que era o clube dos ingleses, e Palmeiras, que era um outro clube de Nova Lima. Nani (João Lazarotti), foi quem marcou os primeiros gols oficiais da história do Cruzeiro. Na preliminar da partida o quadro de aspirantes do Palestra empatou em 1 a 1 com os aspirantes do Atlético, com ambos os gols sendo marcados em cobranças de pênaltis.

Finalmente, em 1925, prevaleceu a vontade da maioria dos associados do clube que gostariam de ver o Palestra como um grande clube, com a extinção da cláusula dos estatutos que impedia a participação de atletas de outras nacionalidades. Outra modificação feita foi o aportuguesamento do nome do clube que passou a se chamar Sociedade Sportiva Palestra Itália. O primeiro jogador de outra nacionalidade que o clube recebeu foi Nereu, que era da colônia sírio-libanesa e jogava no Sírio Horizontino. Em 1928, o Palestra contratava o zagueiro Bento e se tornou o primeiro grande clube da cidade a integrar em seu elenco um atleta negro.

Em 1936, alguns dirigentes e ex-atletas lideraram um movimento de nacionalização do Palestra que levou o nome de Ala Renovadora. A intenção do grupo era mudar o nome do clube que já havia deixado de ser uma associação exclusiva da colônia italiana e por isso não havia mais sentido em se usar o nome Itália. A idéia sofreu resistências mas acabou ganhando aliados. Em 30 de janeiro de 1942, em plena 2a Guerra Mundial, o governo brasileiro que já havia declarado guerra aos países do eixo, através de um decreto lei, determinou a proibição do uso de termos e denominações referentes as nações inimigas. Neste dia então o Palestra Itália passou a se chamar Palestra Mineiro.

A idéia de se transformar o clube numa entidade totalmente brasileira só foi concretizada em 29 de setembro de 1942, quando numa reunião da diretoria foi aprovada uma nova mudança no nome do clube que passou a se chamar Ypiranga. No entanto, o novo nome só durou uma semana e o time atuou com este nome em apenas uma partida. Finalmente, no dia 7 de outubro de 1942, numa nova reunião dos sócios e dirigentes que acabou com a renúncia do presidente Ennes Cyro Poni, foi aprovado o novo nome do clube: Cruzeiro Esporte Clube. Uma homenagem ao símbolo maior da pátria, a constelação do Cruzeiro do Sul, e que foi sugerida pelo ex-presidente do clube, Oswaldo Pinto Coelho.

Se o Cruzeiro já era uma grande força do futebol mineiro antes do Mineirão, a partir da inauguração do estádio na Pampulha, em 1965, o clube se transformou em potência nacional e ficou conhecido em todo o mundo. Organizado em todos os seus setores o time azul das cinco estrelas revelou para o Brasil e para o mundo uma constelação de craques como Tostão, Piazza, Natal, Dirceu Lopes, dentre outros, mostrando ao país uma nova realidade futebolística até então restrita ao eixo Rio-São Paulo.

Com a conquista da Taça Brasil em 1966 e do Penta-Campeonato Mineiro de 65 a 69, o clube passou a ter a maior torcida do estado. Era tão visível o aumento progressivo da torcida cruzeirense, que o escritor Roberto Drummond, que é atleticano, o comparou ao aumento do índice demográfico anual da China, que é o país mais populoso do mundo. A partir daí, o reconhecimento do cronista fez com que a crônica desportiva mineira passasse a se referir a massa cruzeirense como a China Azul.

Com a conquista da Libertadores em 1976, a paixão pelo Cruzeiro ultrapassou as fronteiras mineiras e o time, com nomes como Raul, Palhinha, Joãozinho, Zé Carlos e Nelinho, passou a ser um dos clubes mais respeitados do futebol mundial.

A seqüência de 21 títulos que o Cruzeiro conquistou nos anos 90, no ínicio do ano 2000 e o Bi-Campeonato Brasileiro em 2003, confirmam a sua condição de time da década. Para se ter uma idéia, o Cruzeiro não deixou de conquistar se quer um título nos últimos quatorze anos e vem sempre se destacando nas primeiras posições de todos os rankings divulgados pela imprensa esportiva nacional e estrangeira. Com uma estrutura de primeiro mundo, o Cruzeiro trabalha firme sob o comando do presidente Alvimar Perrella e de seu elenco de craques para continuar mantendo na garganta de cada cruzeirense a frase que a massa não cansa de cantar:

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